Petrolina alvo da intolerância religiosa
Imagem: Mãe D'Água. Foto do jornal Gazzeta.
Prof.ª Josi Brandão
Redação d'O Historiante.
Recentemente na cidade
de Petrolina, no estado de Pernambuco, uma escultura representando a Iara, Mãe
d’Água, do artista Ledo Ivo, foi colocada sobre as águas do rio São Francisco,
e tem sido motivo de uma celeuma religiosa.
A justificativa dada a
todo conflito foi que a prefeitura fez um investimento público para tal imagem,
mas em meio às discussões, o que se viu foi um movimento motivado pela
intolerância religiosa, onde estes mesmos grupos exigiram a retirada da
escultura, alegando que era uma afronta à sociedade, já que seria uma obra do
candomblé, chamaram-na de aberração, como se aberração maior não fosse o
próprio preconceito e a ignorância, já que Iara, a Mãe d’Água, é uma figura folclórica
de beleza fascinante que vive nas águas e
seduz os homens com sua formosura e sua voz, sem referência ao Candomblé.
Fato curioso é que o
mesmo artista da obra “demoníaca” também fez outra escultura de cunho religioso
e ninguém a questionou, já que era uma Bíblia, logo, questiono: se podemos ter
um símbolo cristão, nada impede que outras religiões possam se expressar
livremente; a cidade é de todos, para todos, sem exclusões. Não podemos
esquecer que vivemos em um Estado laico e todas as religiões tem de ser
respeitadas. Todos têm o direito ao mesmo tratamento.
É incrível como em nome
de uma convicção religiosa pessoas pregam a intolerância e desrespeitam o
direito de exercer livremente sua religiosidade e de expressá-la, propagando a
demonização da escultura, impondo-se como baluartes da moral e dos bons
costumes, esquecendo que bons costumes também implicam respeito. Como se
ainda estivéssemos no período medieval, onde a Igreja perseguia quem não
concordasse com ela. O horror gerado nesse período, que levou milhares de pessoas
a fogueira e a tortura, não devia ser esquecido nunca, para que possamos
alertar as pessoas como o mau uso da religião pode ser muito maléfico a
sociedade, que religião não pode ser uma imposição, para isso basta de
fundamentalismo religioso.
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