Pão e circo!
Prof. Pablo Michel Magalhães
Redação d'O Historiante
Ponho um nariz de palhaço e olho meu reflexo no espelho: sim, sou brasileiro (Graças à Deus?)
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"Panem et circenses!", escreveu certa vez o poeta romano Juvenal em sua obra prima Sátiras. Aos olhos dele, as pessoas utilizavam-se do seu voto para eleger aqueles que, certamente, lhes dariam de volta o que mais interessava: comida e festins, pão e circo. Espetáculos de sangue e violência, como as lutas de gladiadores, eram organizados para o divertimento da população, ao passo que distribuir comida (o pão sendo o principal) em determinados momentos de escassez de alimento, por parte dos magistrados e demais homens de poder, significava a gratidão e a tranquilidade do povo.
Mas, caro leitor, a política do "pão e circo" não é exclusividade dos romanos. Pensem bem: estádios monumentais sendo construídos, com a mais avançada tecnologia, e na TV, comerciais enchendo a cabeça de quem assiste, dizendo "aos pessimistas" que a copa vai dar certo porque o Brasil é o país "da festa e do futebol". Enquanto isso, do palanque da miséria, nos fala a presidente(a), com felicidade e quase emocionada, que o brasileiro subiu da classe Z para a Y.
Se bem que não há do que se admirar. Em terras descobertas por Cabral, sempre imperou um senso de absurdo que, de tão absurdo, soa como normal. Ou o fato de um salário de professor equivaler a 5% do que ganha, mensalmente, um deputado ou senador não pode soar aos ouvidos sensatos como algo normal? Pode, mas só em um país em que o normal é absurdo, e o absurdo é o normal.
O que teria escrito Juvenal sobre o Brasil da copa do mundo? Posso imaginar: "e então, entre os esgotos e as balas perdidas, eis que o povo urra num brado retumbante, comemorando todo o circo de mais um gol. Panem et circenses! Mais circenses do que panem."
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Aí me veio uma canção em mente, bem apropriada:
"Enquanto isso, na enfermaria
todos os doentes estão cantando
Sucessos populares... sucessos populares...
E todos os índios, índios, índios foram mortos, mortos, mortos, mortoooooos"
P.S.: Salve o Legião!
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