Pão e circo!



Prof. Pablo Michel Magalhães
Redação d'O Historiante


Ponho um nariz de palhaço e olho meu reflexo no espelho: sim, sou brasileiro (Graças à Deus?)

***


"Panem et circenses!", escreveu certa vez o poeta romano Juvenal em sua obra prima Sátiras. Aos olhos dele, as pessoas utilizavam-se do seu voto para eleger aqueles que, certamente, lhes dariam de volta o que mais interessava: comida e festins, pão e circo. Espetáculos de sangue e violência, como as lutas de gladiadores, eram organizados para o divertimento da população, ao passo que distribuir comida (o pão sendo o principal) em determinados momentos de escassez de alimento, por parte dos magistrados e demais homens de poder, significava a gratidão e a tranquilidade do povo.

Mas, caro leitor, a política do "pão e circo" não é exclusividade dos romanos. Pensem bem: estádios monumentais sendo construídos, com a mais avançada tecnologia, e na TV, comerciais enchendo a cabeça de quem assiste, dizendo "aos pessimistas" que a copa vai dar certo porque o Brasil é o país "da festa e do futebol". Enquanto isso, do palanque da miséria, nos fala a presidente(a), com felicidade e quase emocionada, que o brasileiro subiu da classe Z para a Y.

Se bem que não há do que se admirar. Em terras descobertas por Cabral, sempre imperou um senso de absurdo que, de tão absurdo, soa como normal. Ou o fato de um salário de professor equivaler a 5% do que ganha, mensalmente, um deputado ou senador não pode soar aos ouvidos sensatos como algo normal? Pode, mas só em um país em que o normal é absurdo, e o absurdo é o normal.

O que teria escrito Juvenal sobre o Brasil da copa do mundo? Posso imaginar: "e então, entre os esgotos e as balas perdidas, eis que o povo urra num brado retumbante, comemorando todo o circo de mais um gol. Panem et circenses! Mais circenses do que panem."

***

Aí me veio uma canção em mente, bem apropriada: 

"Enquanto isso, na enfermaria 
todos os doentes estão cantando
Sucessos populares... sucessos populares...
E todos os índios, índios, índios foram mortos, mortos, mortos, mortoooooos"

P.S.: Salve o Legião!

Comentários

Unknown disse…
Movimente-se! Sou adepto do embate saudável: deixe seu comentário!

Postagens mais visitadas deste blog

Baal: de divindade à representação demoníaca.

Dica Cultural - Música e clipe Do the evolution (Pearl Jam)

Álbum - Sob o Sol de Parador