Como estrelas na terra






Prof. André Araújo
Redação d'O Historiante




Emocionante, belo, leve, fantástico, pedagógico... poderia ficar adjetivando a dica cultural de hoje por muito tempo! Porém, um monte de adjetivos para qualificar o filme me parece uma forma vazia de apresentá-lo. Mas, a minha intenção é somente chamar a atenção do leitor para um filme que, sem dúvidas, surpreende e emociona e que foi uma das melhores películas que vi em 2012. Quem nunca assistiu o filme "Como Estrelas na Terra" pode não ter a mínima noção do potencial desta obra. Porém, quem já assistiu, sem dúvidas, concordará com os adjetivos aqui ligeiramente empregados.

O belo filme é uma produção indiana do diretor Aamir Khan, que além de dirigir o filme atua, fazendo o papel do professor Nikumbh. O filme estreou na Índia em 2007 com o nome “Taarem Zameen Par” e em 2010 no exterior. Teve os seus direitos comprados pela Disney, que o distribuiu  com o título “Like Stars on Earth”, distribuindo-o pelo Reino Unido e Estados unidos. A indústria de cinema indiana é uma das maiores do mundo em termos de venda de bilhetes e de número de filmes produzidos. Eles são auto-suficientes, e em se tratando de demanda de produções e consumo interno, eles são um caso singular de sustentabilidade. Muita coisa não chega ao grande público de outros países, principalmente por causa da concorrência dos filmes hollywoodianos e sua indústria, que esmaga as produções de outros países, tornando-as periféricas. 

O filme conta a história de Ishaan. Um garoto de 9 anos que tem dificuldade de aprendizado devido a ter dislexia. Em função da dificuldade de diagnóstico e falta de sensibilidade das pessoas que cercam o garoto, ele é tratado como incapaz e sofre uma série de dificuldades em se relacionar com seus colegas de bairro, de sala de aula, com seus professores e, principalmente, com seus pais. Ishaan tem um irmão mais velho que é um daqueles prodígios. Bom em tudo o que faz, seu irmão Yohaan é o melhor aluno de sua turma e excelente desportista, o que acaba criando uma atmosfera de comparação entre os dois garotos na família, o que só faz mal a Ishaan. 

Cada dia mostrando piores resultados na escola, o garoto vê seus pais decidirem enviá-lo para uma escola interna. Lá, eles pretendiam que Ishaan fosse disciplinado, superando assim suas dificuldades de aprendizado. Porém, o afastamento da família e principalmente a distância do seu irmão, que ele tanto gostava, fazem o nosso protagonista mergulhar numa depressão profunda. O antes sorridente Ishaan começa a dar lugar a uma garoto com uma expressão triste, introspectivo e que só se reconhecia como incapaz de estar próximo a outras pessoas, inclusive a sua família. Por uma dessas surpresas fortuitas do destino, a escola contrata temporariamente o professor Nikumbh que era educador de uma escola para alunos especiais. A concepção de especial que o novo professor traz para a escola interna não é de pessoas limitadas, mas de pessoas que, diferentes como são, precisam de atenção diferenciada e não devem ter uma educação padronizada que considere os alunos como um bloco unívoco e apenas receptor de conhecimento.

A preocupação do novo professor com seu aluno Ishaan, sua experiência pessoal e o seu trabalho em outra escola mudarão o destino da nossa personagem e darão margem a muitas surpresas verdadeiramente emocionantes decorrentes desse encontro. Quem assistir o filme verá que a dificuldade de aprendizado, que se devia à falta de concentração do garoto, escondia uma poderosa mente criativa. Um ponto alto do filme é a maneira leve que o diretor trata uma temática tão séria. Não recorre a nenhuma teoria de desenvolvimento infantil e não utiliza linguagem rebuscada. À medida em que a mente do garoto fantasiava as mais diversas histórias, o diretor consegue, de forma lúdica, traduzir essas explosões imaginativas em animações que interagem com as cenas. Recomendo este filme como entretenimento e como forma de ampliar os horizontes sobre a forma como encaramos a arte do ensino. Arrisco-me a dizer que caso assistam a essas mais de 2 horas de filme e não gostem da obra, podem juntar todas as pedras que seriam atiradas em Madalena, dobrem a quantidade e joguem neste que vos indicou o filme. Se gostarem, indiquem!

Faça o download e assista! Clique aqui.




Comentários

Carl disse…
Assistirei ao Filme, com dois propósitos: me encantar com a película ou me motivar para jogar as Pedras!!! Ambos serão ações prazerosas.
André Araújo disse…
Guarde as pedras Cal. Você gostará do filme...

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