Os "Falsos Profetas" do Congresso Nacional







Prof. Carl Lima
Redação d'Historiante



Salve, galera!!! Prometi a mim mesmo e à deusa Clio que não voltaria a tocar mais no assunto "mundo dos evangélicos", muito por respeito à opinião de amigos, alguns deles cristãos/protestantes, que me aconselharam, por julgar que eu estava sendo mal interpretado, e que, por isso, poderia ser alvo de injúrias e difamações. Mas, como historiador, não posso me furtar à opinião, ainda mais quando as condições históricas se apresentam cotidianamente propicias, ao aparecer  num simples clicar nas Home pages da vida, ou no zapear dos canais de TV. Mas, um aviso se faz necessário: não irei tratar aqui das opiniões equivocadas e preconceituosas de uma cantora da música popular, acerca do casamento homossexual e sua comparação esdrúxula com os toxicômanos. Isso já passou, inclusive a sapiente pensadora desmentiu a opinião. Tampouco irei diretamente tratar dos equívocos nas palavras do senhor Marco Feliciano e do equívoco ainda maior de sua escolha para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Congresso Nacional. Minha atenção estará voltada para algo que acho mais grave e relativamente mais complicado: a postura e as práticas nada sagradas da Bancada Evangélica em Brasília, especificamente da Frente Evangélica Parlamentar.






O que seria a Bancada Evangélica? Simples, deputados de variados partidos que estão intimamente ligados a alguma denominação protestante e que se reúnem em torno de temas considerados de forte teor ético e,  por isso mesmo, igualmente polêmicos. Para articular ainda mais suas opiniões, e principalmente votos, na balança  do poder e dos interesses particulares, numa perspectiva interpartidária, foi criada a Frente Evangélica Parlamentar, em 2003. Atualmente, dos 73 parlamentares de representação cristã, ou seja, 14,2% da Câmara, 56 fazem parte dessa associação. Eles advêm dos 4 cantos do Brasil - tem pelo menos um representante de cada estado - representam siglas partidárias diversas, tanto da possível "esquerda", quanto da assumida "direita". Destacam-se os seguintes Partidos: PR, PV, PSDB, PSC, PTB, PMDB, PTB. Acrescenta-se que a maioria faz parte da base da Presidenta Dilma.

Em relação às denominações, caracterizam-se, também, pela diversidade: são Pentecostais, Neo-Pentecostais e Tradicionais. Como não poderia deixar de ser, o destaque fica por conta da Assembléia de Deus, maior denominação evangélica brasileira em número de adeptos - cerca de 10 milhões de fiéis -, o que comprova a falta de autonomia destes na escolha de seus candidatos, reafirmando um possível voto de cabresto "sagrado" no curral eleitoral "ungido" pelo senhor. Temos, então, de acordo com a origem religiosa, (24) deputados da Assembléia de Deus; (8) da Presbiteriana; (7) da Universal do Reino de Deus; (3) da Quadrangular; (3) da Graça; (2) da Igreja Mundial; (2) Metodista; (1) Maranata;  (1)Igreja Nova Vida; (1) Cristã Evangélica; (1) Igreja Brasil para Cristo; (1) Igreja Cristã do Brasil; (1) Sara Nossa Terra e (1) Comunidade Shamá.

Pois bem, essas informações preliminares ajudam-nos a desbancar o discurso daqueles que se colocam enquanto vítimas e verbalizam que os evangélicos são minoria, sem representação de seus direitos, num país supostamente católico.

No que tange ao Congresso Nacional, esta é uma das maiores bancadas, e suas articulações servem para  eleger Pastores/Deputados para Comissões Parlamentares de grande importância, fato que contribui de maneira destacável para acelerar ou retardar Projetos de Leis considerados importantes para o desenvolvimento dos direitos civis e para consolidação de um dita democracia, tais quais os que versam sobre aborto, eutanásia, pesquisas com células tronco, casamento homossexual, descriminalização de drogas, entre outros. Toda apreciação aos projetos, e por conseguinte vetos e possíveis aprovações, são declaradamente defendidas a partir  de preceitos bíblicos e seu conjunto de normas ético - moralizantes.






Nesse contexto, algo me assusta: qual o motivo/razão/circunstância que faz com que políticos cristãos, justamente estes defensores dos bons costumes, da retidão e da justiça, se envolverem com práticas nada recomendáveis. Para nos ajudar na compreensão,  trago à tona  alguns dados.  Dos 56 "varões" deputados da Frente Evangélica, 32, o que equivale a 57%, tem problemas com a Justiça, alguns inclusive já condenados, como é o caso do senhor Natan Donadon (PMDB-RO), evangélico da Igreja Batista Nacional, penalizado com  13 anos e 4 meses de prisão pelo STF. Qual crime ele cometeu? Melhorando a pergunta: quais crimes ele cometeu?  Alguns daqueles muito comuns a essa bancada, ou melhor, semelhantes aos nossos inescrupulosos políticos não-evangélicos:  peculato (furto ou apropriação de bens ou valores públicos), improbidade administrativa, corrupção eleitoral, abuso de poder econômico, sonegação fiscal e formação de quadrilha. Lembram da Máfia das Sanguessugas (2006)? Aquela, onde parlamentares apresentavam emendas ao orçamento da união para compra de ambulâncias para suas respectivas regiões, em troca de propinas pagas pela empresa Planam. No decorrer das investigações descobriram que 87 deputados estavam envolvidos. Destes, sabem quantos eram da bancada? Nada menos que 23, sendo 10  da Igreja Universal do Reino de Deus e 9 da Assembléia de Deus. O que mais recebeu propina foi o senhor Nilton Capixaba (PTB-RO), ligado a Assembléia de Deus, e que embolsou em torno de 646 mil reais. De acordo a Justiça Federal, o criador desse esquema fora o senhor Lino Rossi (PP-MT), "irmão" da Igreja Batista.

Mas, com certeza, esses "nobres" deputados usaram e sempre usarão o nome do seu Deus para justificar pseudo perseguições, sejam elas no mundo social, no mundo espiritual, particularmente para seu "fiel" e sempre "crente" eleitor. E mais: poderão dizer que não acreditam na Justiça dos homens, pois essa é falha, e só Deus Poderoso poderá julgar e condenar um servo. 





Confesso não ser leitor da Bíblia, mas se está é a fonte inexorável de verdade e justificadora das ações de seres tementes, nela estariam também considerações em torno daqueles que, porventura, caminhassem em práticas erradas ou em pecado. Guiado por isso, resolvi fazer uma pesquisa na escritura sagrada, e, para minha surpresa, achei passagens que podem nos ajudar a denunciar esses maus cristãos. Vejamos: 

(Provérbios 17:23) :


“O ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça”

Cabe muito bem para todos aqueles envolvidos na Máfia da Sanguessuga e nos acordos escusos, que propiciam benefícios próprios. Nessa lógica textual, quem faz isso se apresenta enquanto ímpio, ou seja, quem não respeita as regras religiosas e, por isso, é contrário à fé e à religião como um todo. Será que o Bispo Rodrigues se reconhece como tal?


Continuemos:



"O que anda em justiça, e o que fala com retidão, que arremessa para longe de si o ganho de opressões, e que sacode das suas mãos todo suborno, que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de sangue, e fecha os olhos para não ver o mal; este habitará nas alturas, e as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio. O seu pão lhe será dado, e as suas águas serão certas”. (Isaías 33:15-16).

Nossos "bem aventurados" parlamentares evangélicos envolvidos em escândalos, com certeza, não levam em consideração essa passagem, ou simplesmente negam, pois suas práticas atentam contra a sociedade e o suposto bem estar geral, como também não comungam com os ensinamentos bíblicos. Seguindo a linha de raciocínio religiosa, estes habitarão qual local? Será que ganharão a vida eterna (sic)?


Mais um aforismo sagrado:

"Quem pratica a fraude não habitará no meu santuário: o mentiroso não permanecerá na minha presença" (Salmos 101:7)

Essas letras podem nos antecipar o destino destes no julgamento final, levando em consideração que a entidade sagrada seja Justa, possivelmente  os  corruptos, ímpios, pecadores serão condenados e não herdarão o reino do céus. (Sic).

Enfim, qual o objetivo final desse texto? Uns podem interpretar como uma perseguição ao povo de Deus, outros podem inferir que esse que vos escreve se posiciona contra a presença de evangélicos na política partidária. Não faço objeções a quaisquer interpretações, mas deixo claro que não me importo com a filiação religiosa de quem quer que seja, apenas não concordo que se justifiquem posturas e atitudes de cunho politico social com concepções bíblicas. Não misturemos as estações por favor!!!  Um deputado deve ser avaliado por suas propostas e comportamento parlamentar, e não por seus discursos embevecidos previamente de uma moral religiosa. Podem ter certeza, leitores, de que isso não é garantidor de um mandato digno. Assim, temos o objetivo de alertar e denunciar um grupo de deputados que se colocam enquanto paladinos da ética e da moralidade, no entanto, sob o ponto de vista do respeito à cidadania e dos interesses da nação, são verdadeiros criminosos da palavra e da fé. Para estes, temos um último ensinamento:


Então o Senhor me disse: "É mentira o que os profetas estão profetizando em meu nome. Eu não os enviei nem lhes dei ordem nenhuma, nem falei com eles. Eles estão profetizando para vocês falsas visões, adivinhações inúteis e ilusões de suas próprias mentes" (Jeremias 14:14)



PS: Antes que me apedrejem, "eu juro" que todos esses dados e a respectiva lista com nomes e legendas estão no site da Transparência Brasil. Podem pesquisar.


http://www.genizahvirtual.com/2012/04/maioria-dos-deputados-evangelicos.html

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