Musical - Across the Universe (os Beatles em questão).


Prof. Pablo Michel Magalhães
Redação d'O Historiante



Poucos são os musicais que conseguem despertar, em mim, a atenção e a curiosidade. A linguagem e o time de um longa metragem possuem um ritmo que, nem sempre, consegue ser acompanhado pelas canções selecionadas. Uma boa trilha sonora pode realçar as cores e tons de um filme, potencializando as cenas, cativando os espectadores. Moulin Rouge e Os miseráveis, por exemplo, conseguem tal feito brilhantemente (como não se emocionar com a melancolia de Jean Valjean, na voz de Hugh Jackman, ou se apaixonar pela Cosette de Amanda Seyfried ou pela Satine de Nicole Kidman, vozes lindíssimas!). Conseguir uma obra musical de êxito nas telonas é trabalho difícil, mas não impossível.

E o que dizer de um musical bem trabalhado, que consegue alcançar todos os pontos acima citados, e ainda utiliza-se de canções da maior banda de rock de todos os tempos? Em Across the Universe (por sinal, título de uma das músicas deles), os Beatles são homenageados em grande estilo. Trazendo à luz os personagens presentes em várias das letras do quarteto de Liverpool, o musical realiza uma excelente adaptação do ambiente inglês e americano das décadas de 1960 e 1970, tendo como pano de fundo principal a participação americana na Guerra do Vietnã e as pressões populares contra essa batalha. Tudo, obviamente, regado à muito rock n'roll dos Beatles.

(Hey) Jude, Lucy (in the sky with diamonds), (Sexy) Sadie, (Dear) Prudence, Jo Jo (de Get Back); personagens trazidos à vida, das letras para as telonas, e que são centrais dentro da obra de Lennon/McCartney/Harrison/Starr, desfilam pela história, ao som de clássicos da banda, como With a little help from my friends, Come Together, It won't be long, dentre tantos outros.



O diretor Julie Taymor, também roteirista do filme, consegue aliar bem elementos do período abordado (psicodelia, movimentos de contra cultura, oposição a Guerra do Vietnã) juntamente com a obra dos Beatles. De certa forma, Taymor faz com que o espectador acompanhe a história da banda (e as transformações por que passa a produção artística desta) de maneira linear, uma sacada bem interessante porque segue o desenrolar, por exemplo, da vida de cada personagem. Assim, saímos de uma jovial canção, como I wanna hold your hand, passando por Revolution, desembocando em uma redentora canção, Hey Jude, uma síntese filosófica/psicológica que sintetiza o filme (o já adulto Jude reflete sobre sua vida, ao som da canção).

Enfim, um filme que merece ser assistido por fãs (e mesmo por aqueles que nada sabem sobre a banda!). Mas, acima de tudo, uma obra que merece ser ouvida, primeiro por ser uma excelente homenagem ao quarteto de Liverpool; e depois, por ser um musical brilhantemente dirigido, com um elenco que solta a voz e merece respeito!


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