Filme - Thor e o mundo sombrio.
Profº Gesner Santana
Redação d'O Historiante
Seres mitológicos ou extraterrestres? Esta é a proposta e a
grande questão do mais novo filme do Universo Marvel que usa e abusa de
referências e personagens da mitologia nórdica. Apontando para uma realidade
mais usual esta nova aventura serve como ligação entre os acontecimentos do
primeiro filme (Thor) e do desenrolar da ação exposta em Vingadores. Tentando (e conseguindo) um nexo para a utilização de
lendas e seres fantásticos, este novo filme nos apresenta em maiores detalhes
algumas visões sobre este mundo fantástico das histórias do deus do trovão e
seu “irmão” esperto, além de uma maior abordagem aos outros deuses/personagens.
De uma forma mais simplista podemos entender a mitologia
como sendo uma explicação para o inexplicável. “Como surgem os trovões?”. “Por
que a colheita deste ano foi tão fraca?”. Algo que os homens à sua época (vamos
nos situar em algo referente à Idade Média, Islândia) não sabiam responder,
assim, grosseiramente surgiram os seres mágicos, os deuses e contos mitológicos
como uma forma legítima de interpretação e resposta. A mitologia nórdica
(escandinava) apresenta características singulares e interessantes. É preciso
deixar claro que o filme em questão, é uma adaptação feita através da leitura
das lendas nórdicas, escritas e pensadas para darem certo mercadologicamente
falando, por seus desenvolvedores na chamada “era de prata” dos quadrinhos
americanos.
O universo Marvel, capitaneado pelo pai dos nossos heróis
mais conhecidos, Stan Lee, aproveitou e tomou como referência as histórias e
contos nórdicos para criar sua própria interpretação de um Thor e de um Odin
caolho. Um exemplo claro é o próprio Thor, que nas telonas e quadrinhos é um
galã loiro e que parece ter saído de um romance escrito por algum autor inglês,
quando em contrapartida as anotações e escrituras mais conhecidas sobre Thor o
filho de Odin, apontam o rapaz como um homem mediano de cabelos vermelhos, o
famoso ruivo.
O filme serve como ponto de partida para um maior
aprofundamento no vasto campo dos estudos mitológicos. É clara a separação
entre os personagens das lendas e os personagens criados a partir destas lendas
pela Marvel. Yggdrasil (Árvore do Mundo) é o ponto de convergência principal
entre estas duas abordagens. O mundo, ou os mundos são apresentados ao grande
público através da representação da grande árvore da vida. O fluxo de viagens
entre planetas e civilizações dá a entender, inicialmente, de que se trata da
mesma leitura. Mas, é no desenvolvimento dos personagens que fica mais clara a
separação e arranjo feito para encaixar-se ao roteiro perfeitamente,
primeiramente nos quadrinhos, e que foi largamente utilizado para os filmes.
No filme tanto Thor, Odin, Friga, Loki são representados de
forma a se aproximarem de uma grande família, deuses, porém que partilham das
mesmas “picuinhas” dos humanos. A ganância de Thor, a benevolência do Pai de Todos, a amabilidade de Friga
para com os filhos tão diferentes e rivais, a sagacidade impetuosa de Loki, são
a clara anedota para uma adaptação dramática e até batida e revisitada outras
vezes, em outros contextos. Enquanto para a mitologia Odin é o deus da guerra
(a paz não é seu interesse), Friga é quem governa em Asgard (morada dos
deuses), Loki é brincalhão e pai de muitas calamidades, sendo inclusive
inexistente alguma referência a ele sendo filho de Odin e por fim Thor, o que
ajuda os homens na terra, um meio termo, assim como Hércules, o grego.
Para entender a noção de seres de outro mundo dada aos
habitantes de Asgard no filme, é preciso ser conhecedor das fábulas
cinematográficas criadas pela Marvel. Como se fosse normal um homem
transformar-se em uma fera verde (Hulk, esmaga!), quando Thor chega à Midgard
(Terra dos homens) ele é tido como um corpo estranho um visitante de outro
planeta, nada relacionado aos deuses fantásticos das lendas. E fica aí a
separação para nós que vamos além da película. O filme funciona muito bem, é
divertido, tem humor na hora certa e a ação é muito legal. Chegamos ao fim com
a noção agora básica que os deuses nórdicos não são tão deuses assim.
Recomendo.
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