Dica Cultural - Música e clipe Do the evolution (Pearl Jam)




Profª Aline martins
Redação d'O Historiante

"Do the evolution" é uma canção do álbum "Yield", de 1998, da banda estadunidense Pearl Jam. A letra foi escrita pelo vocalista da banda, Eddie Veder, e faz uma dura crítica à sociedade. Vedder teve a inspiração para a letra com a leitura da obra "Ismael - Um romance da condição humana" (1992), de Daniel Quinn, assim como para as outras faixas do álbum. O livro fala da história de um rapaz que observa um anúncio de jornal feito por um professor que pretendia dar aulas para pessoas interessadas em "salvar o mundo". Ele então o procura em seu escritório e descobre que o professor é um gorila extremamente inteligente, batizado por um judeu como Ishmael, que o provoca com reflexões filosóficas e sua história de vida. 


Letra traduzida da música:
Eu estou a frente
Eu sou o homem
Eu sou o primeiro mamífero a usar calças
Eu estou em paz com minha luxúria
Eu posso matar pois em Deus eu confio, yeah
É a evolução, baby

Eu sou uma fera
Eu sou o homem
Comprando ações no dia da quebra da Bolsa, yeah
Quando à solta, sou um trator
Descendo as colinas, eu irei nivelar todas até ao chão, yeah
É comportamento de rebanho, uh huh!É a evolução baby

Me admire, admire meu lar
Admire meu filho, ele é meu clone
Yeah yeah, yeah yeah

Esta terra é minha, esta terra é livre
Eu faço o que eu quiser, irresponsavelmente
É a evolução, baby

Eu sou um ladrão
Eu sou um mentiroso
Esta é minha igreja, eu canto no coro
Aleluia, Aleluia

Me admire, admire meu lar
Admire minha música, admire minhas roupas

Porque sabemos, tenho apetite por um banquete
Esses índios ignorantes não conseguirão nada de mim
Nada, por que?
Porque é a evolução, baby!

Eu estou a frente,
Eu sou avançado,
Eu sou o primeiro mamífero a fazer planos, yeah

Eu rastejei pela terra, mas agora estou no alto
2010, vamos assistir isso tudo pegar fogo!
É a evolução, baby!

É a evolução, baby!
Faça a evolução
Venha, venha, venha"


O clipe foi produzido por Joe Person, co-dirigido por Kevin Altieri, conhecido pela direção de "Batman: A Série Animada" e por Todd McFarlane, que é famoso pelo livro "Spawn" e por ter desenhado o clipe de “Freak on a Leash”, do Korn. Letra e clipes associados mostram claramente, o que o homem fez e ainda faz em nosso planeta, através dos seus modos de viver, desde os primórdios até os dias atuais. Através de um pequeno, mas contundente, resumo de importantes momentos da História humana. O clipe foi transmitido exaustivamente pela MTV ao redor do mundo e recebeu uma nomeação ao Grammy de melhor vídeo do ano (1999).

link para o clipe: http://videolog.tv/943019


O clipe, que é todo feito em animação, segue a letra e inicia com um cometa cortando o espaço até chegar a um planeta, aparentemente a Terra, que vira uma célula. O cometa seria o esperma e dessa junção começaria a grande evolução biológica, levando em conta a teoria de Evolução de Darwin. A célula original se reproduz e se multiplica em milhares de células. Essas células se transformam nos primeiros seres unicelulares, peixes menores que são sucessivamente devorados por peixes maiores, lembrando-nos da teoria da Seleção Natural também de Darwin. Surgem então os dinossauros e a catástrofe do meteoro que, supostamente, foi o causador da extinção desses enormes animais. Depois dos Dinossauros, temos outro estágio evolutivo onde o primata menor dá lugar ao primata maior que teria dado origem ao homem. Começa então a história da humanidade.

Um desses nossos ancestrais vai se transformando em um cavaleiro medieval, com uma grande cruz em seu capacete que nos remete ao tempo das Cruzadas, a cruz vai se transformando e aparece sendo queimada em uma grande fogueira que é observada por integrantes do grupo Ku Kluz Kan, grupo racista americano dos anos 1950. Logo depois temos a impressionante imagem de homens caindo de um prédio. Trata-se de uma referência aos vários suicídios por causa da Quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929. Um homem está forjando uma espada e logo depois cavalos livres correndo entre as árvores dão lugar a tanques de guerra e o cenário se torna repentinamente sombrio. Temos retratada a Primeira Guerra Mundial, com suas trincheiras e a Segunda Guerra Mundial com o exercito nazista e o os judeus nos campos de concentração. É mostrada também a grande queima de livros organizada pelos nazistas.  Homens "primitivos" aparecem dançando em volta da fogueira.


Uma  bela moça dança freneticamente e ela irá aparecer em vários trechos do clipe sorrindo e achando graça de tudo. Essa "moça" simboliza a presença da morte em toda a história humana e foi inspirada pela personificação da Morte, dos quadrinhos  "Sandman" de Neil Gaiman. Cenas rápidas vão se seguindo: a guilhotina da Revolução Francesa (1789), a caça às baleias, que assim como outras espécies, hoje estão em extinção. Novamente aparece o homem forjando a espada; soldados romanos chicoteando escravos que puxam enormes blocos de pedra. Blocos esses que ajudaram a construir um dos maiores Impérios da História.  E um grande imperador surge a frente de um suntuoso palácio, tendo ao seu lado seu filho (o clone). Vemos um campo cheio de Cruzes. A Cruz depois de um tempo, passou a ser o símbolo da religião católica e essas cruzes são vendidas por um tipo de mendigo, como se demonstrando que a religião virou um grande negócio.

Novamente aparece uma dança na fogueira e dessa vez índios dançam em volta dela. Um padre aparece catequizando um índio americano, numa alusão a conquista da América em 1492 pelo homem europeu quando milhares de índios foram simplesmente dizimados, sem nenhum remorso. E além disso evidencia os efeitos nefastos do projeto civilizatório ocidental, que ignora a cultura indígena de respeito à terra ao mostrar logo depois uma fábrica de armas moderna e novos impérios e imperadores, com seus filhos (os clones) que virão a assumir seus negócios e dar continuidade à produção e a à reprodução do capital. Os campos somem em meio aos prédios, a fumaça das fábricas poluem o ar, as penas de morte são decretadas em nome da ordem, guerras acontecem para manter a economia girando. A manipulação dos setores mais importantes da sociedade também é registrada no clipe. Temos juízes, políticos e religiosos sendo manipulados e nos manipulando.



Uma bela menina loura corre livremente em um campo com o coro ao fundo: Aleluia! Ela pisa em um formigueiro e explode uma nova guerra, com armas modernas, aviões e soldados com máscara. Surge um cão simbolizando o capitalismo selvagem nos devorando  através do consumo exagerado de coisas. Dessa vez os mendigos dançam em volta da fogueira. A realidade virtual e o prazer pela violência também são mostradas, através da cena do estupro virtual. Logo depois surgem um monte de médicos e depois um macaco em uma mesa de cirurgia. A escravidão africana também é representada através de uma cena que remete ao período colonial onde o escravo leva uma chibatada e o racismo é citado através da cena quase diabólica da dança dos KKK em volta da fogueira.
A cena seguinte mostra centenas de homens lado-a-lado de frente a computadores, sendo sugados por eles. Por fim, a digitalização do mundo, a torrente tecnológica e seus usos abusivos, determinando o controle da máquina sobre o homem e sua conseqüente desvalorização e substituição. Mostrando-nos como somos dependentes, verdadeiros escravos, de aparelhos eletrônicos a ponto de não sabermos o que fazer sem eles e a “coisificação” dos seres humanos, que já nascem com um código de barras. Os tentáculos do capitalismo consumindo e sugando tudo.
Ocorre uma superposição de cenas em ritmo acelerado, uma grande espiral que nos demostra como a História se repete e um final apocalíptico: a Bomba Atômica que destroe tudo. Após a explosão o planeta transforma-se, de forma muito rápida, em uma célula, como a demonstrar que mesmo que sumamos da face da terra a vida irá continuar o seu curso.

Com o passar do tempo, percebe-se que as questões tratadas no clipe continuam atuais e impactantes, nos convidando à reflexão de nosso estilo de vida atual. É a evolução, um mal necessário e seriam os seres humanos os animais mais “evoluídos” do planeta?






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